Tuesday, November 28, 2006

Faculdade Belas-Artes
Na semana passada a minha faculdade foi bastante falada, principalmente na 4a (tv e rádios) e 5a (jornais). O motivo já falarei mais à frente. Primeiro uma breve introdução:
O edifício da FBAUL (Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa) devia situar-se como todas as outras faculdades deste grupo, na Cidade Universitária, mas como somos gente fina preferimos os ares do Chiado.
Quando se está na Rua Ivens, virados de frente para o Grupo Renascença basta andarem um pouco para a esquerda e vão dar a um largo. Agora descubram onde é a entrada da faculdade, que eu também passei por isso na primeira vez que lá fui...
As Belas-Artes apoderaram-se de parte do antigo Covento de S. Francisco (o Museu do Chiado tem o resto). Datado do século XIII, este Convento de franciscanos desde muito cedo que também tem a vertente educativa.
Entre várias obras de amplicação e restauro, a estrutura ainda sofreviveu ao terramoto de 1755, quando ainda se erguia após um incêndio que destruiu grande parte do convento (1741).
Por volta de 1836, a fama dos Franciscanos relativa à sua colecção livreira aumenta com a mudança de morada da Biblioteca Nacional. Eram dois pisos inteiros para esta área. No mesmo ano, mas uns meses depois, a Academia de Belas-Artes é instalada nos dois pisos inferiores.
Com a saída da Biblioteca Nacional para o Campo Grande (1965), a Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa alarga a sua àrea ao englobar o espaço deixado vago. A partir daqui o movimento nos corredores do Convento aumentam significativamente. No início foram criados barracões temporários, depois vieram mais obras.
Como se vê, o edifício base do Convento de S. Francisco já sofreu com muita mão-de-obra. Com o passar dos anos e dos acontecimentos toda a estrutura foi enfraquecendo cada vez mais.
Na terça-feira passada, realizou-se no auditório uma RGA. Um dos pontos discutidos foi a segurança existente (ou não). Enquanto tal reuião se realizava eis que surge a gota de água final. Uma rapariga italiana (bela imagem que se passou ao pessoal que pensa fazer Erasmus em Lisboa) viu partir-se a porta da biblioteca na sua mão. Ao tentar abri-la, é só puxar/empurrar, mais de 2,5m de vidro estilhaçaram-se em cima de si sendo preciso chamar o INEM para tratar dos cortes nas mãos e testa. A rapariga inda passou umas horas no hospital.
Com isto deu-se uma revolução no auditório e a decisão final foi simples: 4a-feira às 7h da manhã à porta da faculdade. Ninguém entra! E realmente niguém entrou. Durante cerca de 11h horas dezenas de alunos permaneceram no largo da faculdade a falar para televisões, rádios e jornais, manifestando o seu desagrado perante a situação que se vive diariamente. O reitor da Universidade de Lisboa ainda andou por lá e com tanto barulho e reclamações durante todo o dia, ficou marcado que no dia seguinte a faculdade não abriria portas por se ir dar lugar a uma vistoria ao edifício. A Associação de Estudantes já tinha previsto manter o protesto para 5ª-feira e nem o mau tempo os fez demover de tal ideia. E assim foi, 5a-feira não houve aulas para niguém. Os alunos tornaram a passar o dia à porta da escola e quem manda andou a dar voltas no covento.
O relatório da vistoria será entregue amanhã, creio eu, e vamos ver o que resulta daqui. Há rumores que querem dividir as aulas práticas das teorias, sendo estas últimas sendo temporariamente na Cidade Universitária. As aulas práticas, oficinas basicamente, mantêm-se no Chiado. Vamos ver o que sai daqui.
Mas uma coisa é certa, os profes é óbvio que são os primeiros a querer não sair do Chiado (porque será?), mas os alunos também não o querem. Nós apenas queremos condições para lá poder estudar. Quem vê de fora até pode achar que está tudo muito bonitinho, mas peçam uma visita guiada, principalmente à zona das oficinas, e depois deêm o vosso parecer. Vão ver que vão logo perguntar para onde vai o dinheiro das propinas, que todos os anos aumenta estupidamente...

2 Comments:

Blogger GR1904 said...

Eu logo vi que aquilo só podia ser uma casa franscicana, a caír aos bocados por todo o lado. Se fosse aluno tb não queria saír do Chiado, aquilo é um mundo. E cá entre nós, acho que não te deves preocupar com paredes, tectos e chão a ruír. Por alguma razão és Pulga...!

10:35 AM  
Blogger Pulga said...

Sou Pulga, sou... mas na hora de levar com bocados de parede em cima, não haverão saltos que me safem a pele :(

2:49 PM  

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